Cinco dicas para evitar compras por impulso

Juliana Alvim
o que dura
Published in
7 min readJan 20, 2017

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O ano mal começou e eu aposto que você já teve que fechar os olhos para várias promoções do tipo “pague 1, leve 2”, descontos progressivos e parcelamentos a perder de vista. Eu sei que eu tive que me segurar, em vários momentos, para não fazer compras por impulso, daquelas que só servem para apaziguar o monstrinho consumista que (ainda, infelizmente) mora em mim.

Como eu me conheço e sei exatamente onde estão as armadilhas (vestuário em geral, cosméticos, itens para a casa e velas aromáticas estão no topo da minha lista) — e como eu decidi, assim que chegou 2017, que tentaria passar o mês de janeiro gastando apenas o mínimo (e só com o estritamente necessário) — resolvi prestar mais atenção nas outras pegadinhas que se escondem no meu dia a dia digital.

Todos os dias, recebemos e-mails com promoções e publicidade disfarçada em newsletters, assistimos a vídeos no Youtube ou lemos postagens em blogs sobre produtos que não temos, dos quais provavelmente não precisamos, mas que nos atraem com o canto da sereia do consumo rápido, a apenas um clique de distância.

Sigo algumas blogueiras que falam sobre beleza e estilo de vida e, confesso, às vezes fico babando com certos produtos que aparecem em suas páginas. Uma bela fotografia, junto com um texto chamativo, pode ser o suficiente para me fazer balançar em cima dos trilhos do consumo consciente.

É nessas horas que ser vegetariana me ajuda — e muito. Vou explicar: quando é possível fazer essa escolha (com remédios alopáticos, por exemplo, não dá), eu sempre prefiro produtos cruelty free (que não sejam fruto de ou provoquem sofrimento animal).

Não compro nada de couro há anos, nem cosméticos testados em animais; não compro itens de higiene pessoal de grandes empresas conhecidas pelo pouco caso com os bichinhos, e evito o máximo que posso comprar produtos não testados na origem, mas que sejam vendidos na China.

Hoje, eu preciso me informar muito bem antes de fazer compras, o que me leva a pensar bastante nas minhas escolhas. Busco produtos com durabilidade maior e evito adquirir qualquer coisa só porque está “na moda” ou em promoção.

Comprar por comprar não faz mais sentido para mim. No entanto, isso não quer dizer que eu ainda não me sinta tentada a ceder àquele “monstrinho” que AMA pincéis de maquiagem.

Pensando nisso, reuni cinco dicas para evitar a tentação consumista que nos cerca enquanto navegamos na internet:

Dica 1 — Descadastre-se da lista de emails de lojas e sites de compras

Eu já perdi a conta de quantos emails eu apago por dia com ofertas, liquidações, sale, 50% off e que tais. Às vezes, recebo mensagens de sites ou lojas nas quais eu nem tenho cadastro, mas que arranjam um jeito de chegar à minha caixa de entrada (por conta da velha prática da venda de lista de e-mails).

Todo ano, com alguma frequência, eu faço uma limpa nessas inscrições, seja porque não me cadastrei para receber os emails, seja porque o conteúdo não me interessa mais ou a frequência de envio é muito alta, ou porque eu realmente só quero evitar a tentação de comprar algo de que gosto — mas que nem sempre preciso — só porque está em promoção.

Caso não queira deixar de receber alguns desses emails, há duas opções interessantes: criar uma conta de email apenas para cadastro em sites ou criar uma pasta dentro do seu email atual para direcionar as mensagens. Assim, a sua caixa de entrada não fica tão poluída.

Puxa, que peninha. :( #sqn

Dica 2 — Evite blogs, canais do Youtube, sites e páginas em redes sociais que estimulem o consumo

Esta é uma das armadilhas mais difíceis de evitar. Você segue um blog fielmente. Vê aquelas fotos maravilhosas de decoração ou maquiagem no Instagram e dá um clique duplo sem pestanejar. Algum tempo depois, você está no site de uma loja e compra um produto sem pensar muito se precisa daquilo ou não.

Você pode nem perceber, mas essa decisão de compra pode ter sido motivada pelas informações que absorveu enquanto navegava na internet. Os estímulos que recebemos ficam guardados em um cantinho do nosso subconsciente, só esperando a hora de interferir nas decisões que tomamos. É um perigo às vezes imperceptível, mas que, uma vez compreendido, perde boa parte do poder de nos influenciar.

O primeiro passo é ter consciência de como esses estímulos visuais nos afetam. Assim, quando você se pegar admirando produtos numa vitrine virtual, poderá parar por um instante e fazer as seguintes perguntas: por que eu quero isso? Eu realmente preciso disso?

O que me leva à dica seguinte.

Dica 3 — Pergunte-se: “o que eu poderia comprar com esse dinheiro?”

Depois de questionar se realmente precisa de algo — e por que –, e se ainda não tiver se convencido de que não vale a pena fazer aquela compra, pergunte-se o que você poderia fazer com a quantia que irá gastar.

Este é um excelente exercício para entender o valor não-monetário do que compramos. Aquele vestido custa quase o mesmo que o seu aluguel? O rímel francês equivale a duas ou três idas à feira? Se você pensar em termos do que aquele dinheiro compraria de mais útil — e mais necessário –, fica mais fácil resistir ao impulso de comprar algo apenas porque parecia uma boa ideia na hora.

Levando esse raciocínio adiante e aplicando-o a todas as suas decisões de consumo, fica mais fácil aproveitar a próxima dica.

Dica 4 — Fuja de promoções do tipo “pague 1, leve 2”

Você está lá de boas, passeando no site de compras atrás de uma frigideira nova, e se depara com uma promoção absolutamente imperdível: compre 1 par de tênis daquela marca supimpa (sim, eu sou velha) e leve o segundo digrátis. Parece incrível, não? Você estava mesmo querendo comprar um tênis verde para a sua coleção, certo?

Errado. Muito errado. Você provavelmente não precisa daqueles dois pares de tênis. Aliás, você mal dá conta de usar os que já tem. E, a menos que você seja um quilópode, você não tem pés suficientes para tantos calçados.

Essas promoções — “pague 1, leve 2”, descontos progressivos e liquidações — são um perigo para o bolso. É muito fácil cair na armadilha de comprar algo apenas porque está barato, ou porque, ao preço de um, dá para levar dois. Isso apela àquele nosso lado acumulador que pensa, “pô, mas tá barato demais para não aproveitar” ou “e se eu não comprar agora e depois acabar/ficar mais caro?”, sem levar em consideração que a compra está sendo cogitada apenas com base no preço, e não na necessidade real pelos produtos.

Se você encontrar produtos dos quais precisa muito, e que utiliza com frequência, sendo vendidos com esse tipo de desconto, pode valer muito a pena. Essas promoções são ótimas em supermercados, por exemplo, para você estocar sua despensa com itens que consome diariamente. Mas se você não consegue pensar imediatamente no uso que dará aos produtos em promoção, é sinal de que você e seu bolso não precisam deles.

E, por falar em bolso, a última dica é especial para ele.

Dica 5 — Monitore seus gastos

Eu fico maravilhada quando leio histórias de pessoas que mantêm planilhas de finanças pessoais super complexas, em que colocam até os R$ 2 gastos no único cafezinho comprado no ano, e depois conseguem comprar um apartamento com o dinheiro economizado.

Eu estou longe de ser assim, e acredito que a maioria de nós mortais também. No entanto, há uma lição a ser aprendida com essas pessoas super econômicas: elas sempre sabem para onde vai o dinheiro delas.

Parece meio óbvio, mas não é (e também não é super simples). Às vezes, gastamos dinheiro sem perceber, seja naquela pipoca na saída do trabalho ou no chocolate comprado no cinema. De real em real, os gastos vão se amontoando e, no final de um dia, você torrou mais do que achava ser possível em apenas 24 horas.

Se você for uma pessoa paciente e disciplinada, vale a pena criar uma planilha de Excel para registrar os gastos mensais, separando-os por natureza (gastos domésticos, despesas pessoais, gastos com saúde ou imprevistos etc.).

Se, por outro lado, você prefere algo mais simples, existem dezenas de aplicativos de controle e gerenciamento de finanças pessoais — muitos gratuitos — que facilitam a vida e ajudam na tarefa de monitorar onde cada real é gasto no dia a dia.

Independentemente do caminho que escolher, é essencial prestar atenção no que você faz com seu dinheiro. Afinal, ele pode te levar longe — literalmente — ou te deixar na mão quando você mais precisa. De um modo ou de outro, a escolha de para onde vão os seus suados reais é sua. Use esse poder com sabedoria.

Juliana Alvim é jornalista e está constantemente repensando seus padrões de consumo. Em seu blog, O Que Dura, ela escreve sobre consumo consciente na prática.

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